N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
Raimundo Correia
3 comentários:
E isso!
Bravo!!!
O mal secreto é bem pior que o mal explícito. São mentiras sob manto de verdade, vícios sob a capa de virtudes, características do clássico "lobo sob pele de cordeiro".
Muito bom!
Trabalhando com Literatura, há muitos e muitos anos, fico, ainda hoje, maravilhado com a beleza, a graça, a magia, a sonoridade o encanto desse poema atipicamente parnasiano.
Para mim, é um dos mais belos sonetos da lingua portuguesa.
A mensagem é de uma atualidade inegável.
Todos nós lutamos nessa batalha entre a essência e a aparência, entre o interior e o exterior, entre o que somos e o que aparentamos ser.
Joel Cardoso
o que eu estava procurando, obrigado
Postar um comentário